Liberdade, têm-na
os animais inferiores, nas selvas. No gênero humano, no caso do silvícola, essa
liberdade começa a diminuir quando é obrigado a prestar obediência a um chefe,
o qual, por sua vez, também dá submissão, como exemplo, aos preceitos estabelecidos.
À medida que o ser
passa, de grau em grau, a subir a escala da evolução, vai se submetendo aos
princípios da moral, deixando de fazer o que não convém, para seguir a voz da
consciência, cada vez mais nítida e imperativa.
O cerceio da
liberdade é um bem, sempre que usado no sentido de conter o mal. E por mal se
compreende tudo aquilo que contraria as boas normas de viver, pautadas pelas
leis Supremas e Universais.
Todos devem, por
isto, satisfazer se com a liberdade relativa que possuem, procurando viver uma
existência controlada e pacífica.
As leis foram criadas, precipuamente, para
regular a liberdade, para impedir que qualquer um tome o freio dela e pratique
o que quiser. Um mundo sem leis, seria um mundo selvagem. Logo, uma vez que as
leis são indispensáveis, a liberdade tem de ser dosada e limitada nas suas
manifestações.
Há um estado de
elevação espiritual em que as leis terrenas seriam dispensáveis ao indivíduo,
em virtude de tal equilíbrio moral já haver conquistado e tal poder de
consciência adquirido. Para esse, essas leis poderiam ser consideradas como
supérfluas, mas, já aí, ele obedece a outras leis, leis cósmicas, que se
aplicam nos planos siderais e que precisam ser rigorosamente observadas, para
que o Universo se mantenha na sua marcha normal: são as leis da
espiritualidade.
Nessa
circunstância, o anseio do ser é de tal forma consciente, que a sua liberdade
de ação coincide, rigorosamente, com a necessidade, não havendo, pois, desejos
contrariados, contenções ou limitações.
Enquanto, porém,
estiverem os seres sujeitos à evolução terrena, precisam conformar se com a
liberdade relativa que desfrutam. Ela será usufruída por cada pessoa, na medida
do seu adiantamento espiritual, da sua capacidade de realização, do seu
merecimento e das condições previstas para a sua evolução.
As esposas e mães
têm a sua liberdade grandemente cerceada, mas em holocausto a uma missão
dignificante. Do mesmo modo, as crianças têm a liberdade também limitada, em
favor de uma melhor educação e maior estabilidade. Sem exceção, os chefes de
família, no seu devotamento ao lar e ao trabalho, subjugam toda e qualquer
idéia de liberdade que prejudique essa dedicação.
Assim, os seres em
evolução na Terra só poderão alcançar uma parcela de liberdade no decorrer da
existência, e deverão julgar se felizes por estarem sujeitos a essa restrição
redentora, que opera em favor da coletividade e, particularmente, em benefício
de cada um.
A opressão é uma
medida violenta de supressão da liberdade, e é preciso que um povo tenha errado
muito para, ainda que transitoriamente, merecer essa cota de sacrifício. Os
erros desse povo não podem ser contados, apenas, pelas ocorrências da
encarnação em que se manifestou o fenômeno, mas pelo acúmulo deles, carreados
de vidas passadas. Os governos de opressão, despóticos ou ditatoriais, atuam
como cataclismos.
Ninguém poderá
vangloriar se de que é livre para fazer o que bem entenda, porque essa
liberdade mal empregada, ou lhe custará muito cara, ou será reduzida, mais
tarde, a expressões mínimas, se não se der o caso de ter de passar pelas duas
experiências, concomitantemente.
Muito cuidado é
necessário tomar com fanfarronices, com jactâncias, porque tudo quanto
pensarmos ou dissermos, fica gravado no éter, sem possibilidade de se apagar.
Desse modo, o que se disser não poderá ser desdito, e há sempre
responsabilidade nas afirmações e nos pensamentos emitidos.
Quem tem contas a
saldar na Terra e todos as têm, maiores
ou menores não poderá gabar se de ser
livre ou de gozar de plena liberdade, porque o tempo se incumbirá de provar o
contrário.
O Racionalismo
Cristão ensina que todos deverão ser ponderados e comedidos para não se
externarem de modo leviano, e terem de sofrer as consequências.
Refreando a
liberdade, é indispensável que os estudantes desta Doutrina aprendam a dominar
principalmente estes três dons: o da
vista, o da audição e o da fala. Às vezes é conveniente, ver e não ver; ouvir e
não ouvir; conhecer mas não falar, pois quantas vezes "o silêncio é de
ouro", como diz o aforismo!
A liberdade plena
não faz falta a quem sabe conduzir se com elevação, entendimento e amor
cristão. Todos trazem planejadas as linhas mestras da sua trajetória terrena,
da qual não faz parte essa liberdade.
Os seres dependem
todos uns dos outros e, se assim não fosse, não haveria necessidade da presença
no mundo de alfaiates, costureiras, padeiros, agricultores e de toda essa ordem
inumerável de artífices, cada qual fazendo a sua parte no serviço da
coletividade; se há dependência, não existe liberdade ampla.
A falsa idéia da
liberdade, faz com que o ser se coloque um pouco à parte do conjunto humano;
essa idéia desenvolve uma percentagem de egoísmo, uma certa superioridade que
não pode existir.
A simplicidade deve
ser adotada como lema. De preferência, estimule se a simpatia por aqueles que
possuem dose menor na parcela de liberdade, por estarem suportando uma carga
mais pesada.
Embora seja contida
a liberdade nos limites de uma parcela, todo esforço deve ser empregado para
dilatar esses limites, adquirindo o ser o preparo espiritual que o fará
merecedor desse prêmio. O raciocínio leva sempre a reconhecer que a chave do
progresso e o segredo do êxito estão na espiritualização. Nenhuma oportunidade
deverá ser perdida para alcançar essa conquista. O Racionalismo Cristão foi
trazido à Terra com a finalidade de oferecer esse ensejo àqueles que o
desejarem e tiverem o espírito amadurecido para participar dessa oportunidade.
Quanto mais se
aproxima o indivíduo do estado de perfeição, que é a sua meta, tanto mais
consciente vai se tomando do verdadeiro sentido da vida, e menos capaz se
revela de cometer um ato fora da lei que não esteja sob seu completo controle,
sem levar em nenhuma conta o princípio da liberdade.
O ser humano possui
a liberdade identicamente ao livre arbítrio, para aprender a não fazer uso dela
fora de limitadas condições, e essa aprendizagem é obra de milênios. Por isso,
o conceito de liberdade relativa ou absoluta precisa estar sempre presente nas
mentes humanas, para que nunca se excedam as pessoas na satisfação dos seus
desejos.
A Liberdade
Por Luiz de Souza
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