É máxima corrente que "a
ociosidade é mãe de todos os vícios." Daí poder se considerar o trabalho
como uma necessidade higiênica. Trabalhar é viver. Na realidade, sentindo e observando
o movimento contínuo do Universo, não é difícil concluir que o trabalho e a
vida se situam paralelamente.
Os
seres humanos dispõem para a sua subsistência, do ar, da água e de substâncias
nutrientes. O ar nada custa, pela água paga se, apenas, a sua adução, mas os
alimentos têm de ser pagos e consomem uma parcela importante do orçamento
doméstico. A civilização trouxe, ainda, uma série enorme de despesas, que
aumentam, na medida do desenvolvimento e do aspecto material da vida.
Tal
sistema obriga a trabalhar, mesmo os que não amam o trabalho. Os que se
furtarem a essa norma, sofrerão as conseqüências, pois a Inteligência Universal
não cessa um instante de trabalhar para manter a sua organização sideral e
cósmica em pleno funcionamento; do mesmo modo as suas partículas, representadas
pelos indivíduos, terão de ser ativas, operosas, diligentes, e hão de conservar
se, forçosamente, em contínua vibração.
Durante
o sono, é a matéria que descansa, que se refaz dos desgastes físicos produzidos
pela ação das toxinas, mas o espírito, que nessa ocasião se afasta do corpo
denso material, permanece alerta, vigilante, sem necessidade de repouso.
O
trabalho é uma dádiva da natureza que habilita o ser a praticar o bem, a
beneficiar o próximo, a concorrer para o progresso geral. O trabalho fortalece
o espírito e o engrandece. É por meio dele que as criaturas produzem, amparam,
constroem. A missão ou a tarefa é bem cumprida quando o trabalho é bem feito.
Ele traz satisfação, alegria, contentamento. Enquanto se trabalha, a mente
concentra se e a concentração é dom que se desenvolve.
É pelo
trabalho que se adquire experiência, disciplina, senso de responsabilidade e se
desperta a noção dos deveres. Ele nos dá paciência e tolerância, além do
conceito da transigência, pela necessidade de harmonizar, acomodar interesses,
de atender às conveniências de terceiros.
Quem
trabalha, frutifica, dá exemplos, ensina e prepara novos trabalhadores. Estes
produzem a riqueza, o conforto, o bem estar e as facilidades de comunicação
entre os seres, para fins culturais, para os intercâmbios, para as regalias
terrenas.
Os que
não trabalham são parasitas sociais, são elementos nocivos, espúrios da ordem geral.
Sofrem de insatisfação, de tédio, de ceticismo, provocados pelo vazio interior.
Esses, além de não ajudarem a puxar o carro da vida, são arrastados como peso
morto. Não colaboram com a coletividade, apenas se servem dela. É uma condição
penosa que se mantém pela falta de esclarecimento, de compreensão, de
espiritualidade.
O
trabalho honesto é sempre honroso, seja de que natureza for. Ele é necessário e
útil para a comunidade, que precisa que cada um se coloque no seu posto,
conscientemente, na certeza de que está cumprindo tarefa de valor.
Uns
ganham menos, outros mais, na programação funcional das atividades, por ser
indispensável estabelecer, na vida de relação, planos diferentes para
diferentes misteres, mas no fundo todos os trabalhos têm um valor intrínseco
equivalente, do ponto-de-vista ideal. Naturalmente os trabalhos desonestos que
produzem a alimentação de vícios e a corrupção, não estão incluídos nesta
ordem.
Nada
adianta ao cientista tentar pôr em prática os seus conhecimentos, se ele não
tiver quem lhe ponha em ordem os instrumentos, quem lhe faça as roupas, quem lhe
prepare os alimentos. Como se vê, os tipos de trabalho estão na dependência uns
dos outros, donde ressalta a equivalência dos mesmos.
A
civilização cria uma falsa concepção com respeito aos ganhos, por via da qual
os mais bem remunerados se julgam melhores do que os outros, na classificação
do trabalho. Há por certo, necessidade de chefes e subordinados, o que não
significa, de modo algum, diminuição no alternado desempenho de cada um, pois o
chefe nada teria que fazer se não dispusesse dos seus subordinados. Assim, o
trabalho deve ser encarado com superioridade, de um plano elevado, sabendo se
que ele é tão necessário aos homens, como a luz do Sol.
Em cada
setor de trabalho o indivíduo colhe determinadas experiências, havendo
necessidade, portanto, com o correr das reencarnações, de variar de trabalho, o
que se dá, realmente, com os sucessivos renascimentos, para que as experiências
se multipliquem, se renovem e ampliem.
Deste
modo, com o tempo, elas se somam, apuram o adestramento, habilitam e aumentam a
capacidade produtiva dos seres. Sem trabalho, tal desenvolvimento se torna
impossível, razão por que tem ele de fazer parte integrante da vida.
O
trabalho, praticado com honestidade, lapida o caráter, enobrece as atitudes,
desenvolve o fator confiança, revigora a força moral e torna o indivíduo
respeitado no meio em que vive. É preciso ter amor ao trabalho, por ser ele um
gerador de virtudes, um estimulante de iniciativas, um motivo de apreciação
para os conviventes.
A
religião da humanidade deveria ser a religião do trabalho, que, bem cultivada,
bem compreendida e executada, daria ao mundo mais êxito na formação espiritual
dos povos, isto por ser o trabalho uma fonte permanente de inspirações, pelo
seu paralelismo com a vida.
O
trabalho honesto, disciplinado, construtivo, proveitoso, é um dos lemas do
Racionalismo Cristão, que vê nesse exercício um processo hábil de
desenvolvimento da espiritualidade. Tudo quanto se fizer para promover o
progresso espiritual, tem nessa Doutrina o mais completo e seguro apoio. Ao
contrário disso, nenhum endosso moral pode ela emprestar ao fomento do
mercantilismo religioso, à materialidade dos procedimentos provenientes da
ausência da consciência espiritualizada.
O mundo
não se salvará da desordem, da ruína moral, dos conchavos interesseiros, dos
golpes da aventura, da exploração das massas, das guerras fratricidas geradas
por países que se consideram cristãos, enquanto a espiritualidade não imperar
no seio da humanidade, coisa que não têm podido realizar as religiões materialistas
que se vangloriam dos seus milhões de adeptos.
Esse
estado anormal do mundo tem por princípio o trabalho empregado no mau sentido,
quando os seus agentes, em lugar de ajustá lo à organização sonora das
vibrações Astrais, prefere, animalizadamente deixar se atrair pelo magnetismo
terreno, tirar partido das confusões, locupletar se do alheio, sem que as
entidades religiosas, mal preparadas espiritualmente, disponham de meios para
pôr cobro a semelhante situação.
Falta
nas religiões um Código de Princípios, em que apareça o trabalho colocado em
primeiro plano, de modo que sintam todos os seus asseclas; a verdadeira
importância da sua aplicação racional na vida.
Já que
são contadas, por milhares, as seitas e religiões; já que se ufanam de possuir
milhões de "ovelhas"; grande responsabilidade repousa sobre os seus
dirigentes por não modificarem a orientação dessas almas pastoreadas,
consentindo que continuem a corroborar com os que avaliam o sentido do
trabalho.
O
esforço tem de ser comum entre todos os que, sinceramente, almejam a
transformação moral dos habitantes da Terra, os quais, no momento, estão
entregues, na sua maioria, ao desregramento, fazendo do trabalho um meio de
corrupção e desvirtuando o da sua verdadeira finalidade.
De
bandeira desfraldada está o Racionalismo Cristão empenhado na campanha de
moralização de hábitos e costumes, de recuperação do caráter defraudado, de
reposição dos preceitos deturpados de Jesus na sua natural elevação, em que o
trabalho honrado, eficiente, útil e prestimoso tenha a sua consagração devida e
perene, na nova estruturação por que há de passar a humanidade, em dias que
estão para chegar, com o advento desses Princípios.
O Trabalho
Por Luiz de Souza
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