A verdadeira vida é espiritual, visto que todos são espíritos, embora encarnados, enquanto que a matéria é ilusória, passageira, de duração relativamente efêmera e de valor secundário. — Luiz de Souza

A Higiene Mental - Por Luiz de Souza

Pouca importância se dá ao uso do pensamento, que reflete o estado mental de cada ser. Há pessoas inteiramente descuidadas no emprego de palavras, muitas das quais evocam atos que não se distinguem pela boa higiene mental.

Anedotas picantes, de mau gosto, que tendem para a falta de decoro, são festejadas em rodas ociosas ou em agrupamentos em que se procura fazer senso-de-humor.

Nesses momentos, ninguém se lembra de que palavras e pensamentos ficam registrados no éter, e que não vai ser agradável ao indivíduo constatar, mais tarde, que expressões abjetas por ele pronunciadas ficaram gravadas e presas na esteira vibratória da sua documentação astral, e, deste modo, conhecidas de seres, diante dos quais seria, pelo respeito, incapaz de as proferir.

A linguagem obscena é muito apreciada pelos espíritos do astral inferior (espíritos obsessores quedados na atmosfera da terra), e são esses os que mais se regozijam com as anedotas e narrativas de cunho animalesco. Agradar aos espíritos do astral inferior, é mantê-los em sua companhia, permanentemente, e sofrer as influências deletérias e as mazelas que eles transmitem.

É justamente pelo fato de a maioria das criaturas nada conhecer sobre questões espirituais que o mundo está assim tão cheio de males, de desventuras, de sofrimentos.

Os espíritos do astral inferior encontram campo aberto no seio da humanidade, pela ignorância do que se passa nessa baixa região astral e das influências deletérias a que todos podem estar sujeitos, desde que delas não se saibam precaver.

A falta de higiene mental nas almas encarnadas é um dos grandes atrativos dessas forças inferiores que vivem em idêntico estado, dando expansão ao seu gosto grosseiro, e todas elas estão unidas pela afinidade de sentimentos.

Logo, ninguém dá bom atestado da sua higiene mental sendo descuidado, comprazendo-se com conversas licenciosas e estimulando os demais a que se sirvam delas para dar-lhes novo curso. Tal contribuição de maneira alguma poderá ser considerada aprovável.

A vida exige compenetração, havendo muitas maneiras de se dar asas ao pensamento bem-humorado, sem necessidade de se descambar pela ladeira escorregadia dos assuntos escabrosos e de nenhuma objetividade construtiva.

Não é só o caso de ter a pessoa que conter a sua natureza; é preciso educá-la, convenientemente, para que se estabeleça o bom hábito de não acolher ideias e pensamentos de ordem inferior. Daí por diante, ela não sentirá falta das alusões menos dignas, quando quiser fomentar uma conversação.

As pessoas precisam apurar os dons do espírito e, deste modo, valorizar-se perante si mesmas e diante de seus semelhantes. Todos apreciam a elegância das maneiras finas, nobres e espontâneas, por serem elas vazadas no mais rigoroso propósito de manter-se uma boa higiene mental.

Os que comumente se especializam em assuntos inconvenientes e de baixa significação criam uma aura condizente que bem os individualiza, e se tornam centros de atração das correntes congêneres, de tal modo nelas ficam emaranhados, que cada vez maiores dificuldades encontram para sair desse enleamento.

As pessoas espiritualmente sadias sentem choques, impactos, com a simples aproximação de um ente assim formado e, por mais que não queiram, a repulsa é inevitável.

Tanto a higiene física como a mental, indispensáveis ao espírito fazem parte integrante da sua evolução e contribuem para estabelecer um clima de sanidade moral propício aos melhores vaticínios.

Os que quiserem pautar a sua vida pelas normas espiritualistas não se devem descuidar destes preceitos de higiene mental, porque só assim estarão, passo a passo, atingindo o elevado objetivo da encarnação. Vejam se seria possível admitir um Mestre desbocado!

Evidentemente não é preciso ir tão alto para focalizar o exemplo, porque milhares de criaturas são incapazes de descer ao fraco gosto de aplicar, nas conversações, palavras indecorosas.

A educação do pensamento é uma necessidade, que não pode ficar à margem do exercício da força de vontade. Ambas estas faculdades têm de constituir motivos de constante preocupação, para que a boa higiene mental naqueles que não a possuam se converta num hábito comum, de espontânea e livre manifestação.

Pode ser avaliado o estado pouco lisonjeiro da massa humana, no sentido espiritual, por essa maneira imprópria e irreverente de empregar palavrões e termos que escandalizam, pela sua conceituação anti-higiênica.

O indivíduo que sabe conversar em linha de elevação moral, usando a riqueza de vocabulário própria dos idiomas do mundo civilizado, expressando pensamentos limpos, contribui para manter ou conservar um ambiente de respeito, de dignidade e de consideração para com os interlocutores.

Muitos podem pensar que a higiene mental não tem ligação com o espiritualismo. Esses laboram em grande erro porque a falta de higiene é impureza, ao contrário do caminho da espiritualidade, que é o da perfeição. Esta Verdade é intuitiva, não exige comprovação, bastando que o indivíduo seja sincero consigo mesmo para reconhecê-la à luz da evidência.

Em uma Escola Espiritualista, como a instituída pelo Racionalismo Cristão, a higiene mental faz parte dos predicados que precisam ser apurados para que o ser se desenvolva, como convém, na medida do possível.

Uma vez que é ponto fundamental acelerar o processo de espiritualização da humanidade, nenhuma brecha deve ser concedida ao escoamento dos esforços no bom sentido adotado. Por isso, o cuidado com a higiene mental está incluído nos demais que formam o conjunto saneador, capaz de conduzir a criatura à remodelação procurada.

Quando se dá combate a um mal, investe-se sobre o mesmo, por todos os lados, não se lhe permitindo a menor oportunidade de êxito, para que os resultados sejam satisfatórios.

O erro de não se dominar a falta de higiene mental precisa, por isso, ser rigorosamente combatido e, por fim, aniquilado para haver coerência no modo de se encararem os problemas que impeçam a evolução, em sua plenitude.

Em se tratando dos pais, que precisam dar exemplos edificantes aos filhos, maior soma de responsabilidade lhes cabe na má educação, transmitida, com desprezo, pela higiene mental.

As reservas espirituais de cada ser não podem ficar maculadas com as impurezas dos impropérios e as levianas narrativas de panoramas imorais de histórias que turvem a mente e envileçam o pensamento.

Quando se mentaliza a imagem moral de um espírito de luz, não passa pela cabeça de ninguém fazer associações desse ente com pensamentos menos elevados e puros; pois os que se espiritualizam marcham para esse estado de iluminação, com a evolução normal, e desde já urge cuidar, com esmero, da sua higiene mental, como parte completiva de uma prática que tem de ser exercida em todos os momentos, para que se consume o ideal da superiorização dos dotes espirituais.

A Higiene Mental
Por Luiz de Souza

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