A verdadeira vida é espiritual, visto que todos são espíritos, embora encarnados, enquanto que a matéria é ilusória, passageira, de duração relativamente efêmera e de valor secundário. — Luiz de Souza

A Constância - Por Luiz de Souza

A constância é uma virtude indispensável a qualquer realização. Ela se sobrepõe às dificuldades e é fator decisivo das vitórias. A constância marcha ao lado da convicção. Assim, quem é constante é convicto, e sabe para onde vai e o que quer.

Ao contrário do volúvel, que é um indeciso, um incoerente, podendo chegar a ser leviano, o constante é compenetrado, seguro e consequente.

É preciso haver constância nos estudos, no cumprimento dos deveres, na pontualidade, na afetividade, nas tarefas de levar por diante os bons cometimentos.

A constância é baseada no raciocínio e no critério, e surge como medida sensata e equilibrada. É pela constância que as obras de repercussão futura são mantidas e animadas. Não fosse pela constância, o Racionalismo Cristão não permaneceria, persistentemente, incutindo a luz da Verdade em espíritos renitentes uns, retardatários outros em assuntos espirituais.

A constância é tolerante e paciente, não se alterando diante da indiferença ou do descaso, por ter o seu caminho traçado e seguir por ele. Pouco importa o vozerio do mundo insensato e imprudente, se o espírito constante, apoiado em madura compreensão, não se deixar levar pelas dissonâncias do ambiente.

Obras que não se concluem, recebem o golpe da inconstância e deixam entrar em cena o enfraquecimento, a desunião, a falta de compreensão.

O memorável exemplo de Jesus é um hino de glória à constância, pois ninguém o demoveu do seu propósito de predicar em favor da sua doutrina, embora soubesse, de antemão, a que extremo o levaria a sua constância.

Os grandes Luiz de Mattos e Luiz Alves Thomaz foram outras duas figuras inflexíveis na constância de levar a bom termo, na Terra, a implantação da Doutrina Racionalista Cristã. As dificuldades e os sacrifícios que tiveram de enfrentar foram muitos, mas, como espíritos de alta classe, não se desapegaram da constância triunfante.

Quem se dispuser a ter constância não pode ser comodista, desatento, parcialista, mas, ao contrário, tem de ser ativo, eclético e idealista. A sua linha de conduta é firme, e os traços de sua personalidade não deixam dúvidas quanto à sua definição moral.

A constância fortalece a firmeza de caráter, enobrece a alma e dá exemplos de segurança. Na realidade, o ser afeito à constância apóia-se em argumentos, em relações fundamentais, em conclusões abonadoras. Por isso não torce nem para a direita nem para a esquerda, mas prossegue num mesmo sentido, coerentemente.

O indivíduo nasce constante ou volúvel, porém os que nascem volúveis precisam corrigir-se dessa falha, e os que vieram à Terra já com a virtude da constância devem fazer tudo para fortalecê-la.

Essa circunstância de mostrar o indivíduo, em tenra idade, as tendências para ser constante ou volúvel, é uma consequência do que foi em encarnações pretéritas, e depende do que nelas mais alimentou. Se nada fez para não ser volúvel, adquiriu, de fato, essa tendência que, segundo o grau com que se manifesta, pode exigir o esforço de várias encarnações, para dela se libertar. As más tendências criam raízes profundas, de difícil e demorada extirpação. As boas, como, no caso, a da constância, devem ser cultivadas, porque conduzem ao aperfeiçoamento espiritual.

Sempre que a criança revelar certa má tendência, como nos maus hábitos, esta deverá ser logo eliminada. Para isso, usa-se o bom senso comum, o critério, o tirocínio, a prudência e o raciocínio como armas de efeito sumário. Estes escritos são endereçados àqueles que se acharem amadurecidos para a espiritualidade, e os puderem absorver com entendimento.

É pela constância nos estudos que se formam os cientistas, que se preparam os inventores, que se descobrem e extraem as riquezas do subsolo; é, ainda, pela constância que se aperfeiçoam os métodos de cultura, de trabalho, e os demais que induzem ao progresso.

Vê-se, pois, que a constância tem uma importância capital na vida humana, e que deve ser cultivada por todos que quiserem participar de melhores dias. Ela é construtiva, benéfica e altamente compensadora.

Diz, com sabedoria, um aforismo que "errar é humano, e que o mal está em persistir no erro". Ora, uma vez verificado o fato de que tal ou qual diretriz é condenável, imediatamente se terá que tomar novo rumo, antes que a criatura se venha a tornar vítima das consequências. Por isso, todos, no mundo, têm que andar alerta, cuidadosamente, espreitando o inimigo que surge ou pode estar escondido onde não se espera.

São esses cuidados terrenos que apuram as qualidades morais e fazem com que as criaturas mais experimentadas passem de aprendizes a conselheiras. Convém então ouvir os sábios conselhos das pessoas idosas, bem vividas e sensatas, especialmente quando foram delicadas e eficientes preceptores, marcadas pela constância.

A constância é um atributo indispensável à formação moral de cada ser. Ninguém pode imaginar um Espírito Superior volúvel; seria um completo absurdo tal ideia. Assim, não se chegará a uma escala Superior de evolução, enquanto não se possuir o atributo da constância para aplicá-lo nas atividades, compromissos e realizações. Todos têm que seguir na vida um código de princípios morais, se quiserem bem aproveitar a encarnação, e, dentro desse código, não pode faltar a prática da constância, pelo seu grande valor, pelos exemplos que poderá oferecer e pelos bons resultados que se farão sentir.

Proceda-se a um exame do valor da constância nos acontecimentos cotidianos, e se verá como aqueles que a adotam conseguem triunfar, pois em torno da constância construtiva formará uma corrente astral que a protege e mantém a fim de que o objetivo para o qual ela existe, seja, invariavelmente, alcançado.

A constância, na busca de um elevado fim, estabelece vibrações permanentes em favor da sua consumação. Como as correntes afins se unem, compreende-se a forma pela qual entram em contato aquelas com as do mesmo gênero firmado no Astral, que as revigora e sustenta, materializando-se os seus colimados fins.

Os pensamentos do Astral Superior são construtivos, pois que nele tudo converge para a evolução, em todos os aspectos. Ali, a constância, na manutenção desses pensamentos, é uma verdade, que não se modifica enquanto os planos traçados não se converterem em realidade positiva. Deste modo é que os ideais humanos, os programas terrenos de elevação moral e as soluções que concorram para o benefício espiritual da humanidade encontram reforço naquele ambiente Astral, pela associação das correntes afins, e, como resultado automático, externam-se, no campo físico.

O Racionalismo Cristão é um exemplo desse fenômeno psíquico, dessa coordenação de pensamentos, da constância com que a ideia é mantida até à sua consecução. São ainda os pensamentos afins, as vibrações sintonizadas em caráter constante, que asseguram o êxito dos trabalhos no Racionalismo Cristão, onde há uma fusão completa dos elevados ideais comuns dos planos físico e Astral.

A constância tem sido, pois, uma força favorável ao resultado feliz dos empreendimentos, e será tanto mais consistente quanto mais firme se apresentar no curso da sua duração. Ela concentra, em si, um poder em potencial que apenas aguarda a ocasião para demonstrar a sua magnitude.

Ser constante, firme, imperturbável nas suas convicções, é atributo que compete ao espiritualista desenvolver e, por isso, o terá presente nestas disposições doutrinárias. Atende-se, assim, ao fornecimento de meios para que os estudiosos do Racionalismo Cristão possam dar expansão às suas possibilidades inatas, e conseguir, mais depressa, alvejar a meta.

Ao adotar a constância como um hábito, abre-se ao indivíduo um caminho novo na vida, por via do qual outras perspectivas se revelam, para melhorar a sua rota. Para ser constante, não basta querer, mas também agir, empregar esforço, controlar-se e educar-se para esse fim. Exige a tarefa força-de-vontade, decisão e entendimento racional, pois ninguém deixará de ser constante, desde que compreenda a sua razão de ser, a sua força espiritual.

Dê-se à constância inteligentemente o mérito que ela tem, para que dessa disposição resulte uma firme usufruição de resultados compensadores. O que se quer atingir é um viver mais proveitoso, mais útil, mais benéfico aos interesses evolutivos da comunidade, voltada para o lado da espiritualização.

A Constância - Por Luiz de Souza


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