Dentro
das regras da espiritualidade, encontram‑se os seguintes preceitos:
1‑ Não
lesar nunca o semelhante, muito menos em benefício próprio.
2‑ Não
contribuir para o encarecimento da vida, por meio de lucros escorchantes;
3‑
Procurar sentir‑se membro da família humana, como elemento cooperativista;
4‑ Ser
apóstolo do trabalho, realizando‑o com fraterna compreensão;
7‑
Manter‑se em dia com as suas obrigações e deveres, não exorbitando da sua
autoridade;
8‑
Conservar ativos todos os seus atributos morais superiores, procurando dar‑lhes
uma expansão cada vez maior,
9‑
Converter o mal em bem, na maior proporção dos recursos pessoais;
10‑
Viver em cada dia, distintamente, material e espiritualmente, sendo fiel
cumpridor das leis eternas de Amor, Harmonia e Paz;
11‑
Revigorar, com esforço constante, a sua posição junto às correntes do Astral
Superior;
12‑
Certificar‑se da sua unidade com o Todo, através do estudo, do raciocínio e da
meditação.
Nada
adianta o indivíduo eximir‑se de participar do concerto espiritual, uma vez que
ele próprio é espírito, e não pode renegar a sua natureza. Logo, não há razão
para iludir‑se, agarrando‑se às quiméricas oferendas terrenas, cujo valor se
esvai com a sua passagem rápida pela Terra, em cada existência. O homem terreno
luta sem obter nada de efetivo, enquanto o espiritualizado trabalha pelos
tesouros do espírito, que são eternos e se acumulam com o perpassar do tempo.
O
preceito de "não lesar nunca o semelhante, muito menos em benefício
próprio", resulta da necessidade de vencer o egoísmo cego, que leva a
criatura à prática de atos vergonhosos de espoliação, de usurpação e outros,
com o intuito de beneficiar‑se. Benefício louco é esse assim conquistado, que
se converterá em malefício, para a desgraça do agente, que terá em condições
lastimáveis, de devolver tudo quanto usurpou, em dias futuros, ou, mais
propriamente, em encarnações futuras.
Ele não
poderá jamais levantar os olhos perante a sua consciência enquanto, não saldar,
a peso de ouro, o último centavo do seu débito malfadado.
Os
ignorantes da Verdade, que desconhecem a Vida espiritual, não acreditam na lei
de causa e efeito, enquanto ela não despencar sobre as suas cabeças. Na
realidade, ao receberem a carga de retorno dos males que praticam, não saberão
atinar com a causa, mas depois da desencarnação, quando forem conduzidos ao
mundo próprio, verão ali, com todas as cores, a conseqüência desastrosa dos
seus crimes.
Aquele
segundo preceito de não contribuir para o encarecimento da vida, por meio de
lucros escorchantes, visa chamar a atenção dos organizadores de trustes,
especuladores desalmados que costumam arrematar nas fontes produtoras, por
preços regateados, gêneros alimentícios de primeira necessidade, conservando‑os
em depósito até que se esgote o estoque da praça, para, então, como senhores
absolutos do mercado, liberarem o artigo por preços exagerados. Ganham, por
meio desse processo indecoroso, rios de dinheiro à custa da pobreza daqueles
que enfrentam os maiores sacrifícios, para manter a família.
Esses
indivíduos, conhecidos na gíria por tubarões, são criminosos que imporão a si
mesmos, depois de ascenderem aos seus mundos de luz e verificarem,
horrorizados, todo o mal que fizeram, uma vida de penúria, nas próximas
encarnações. Se esses infelizes soubessem que triste futuro estão preparando
com esse tipo de desonestidade, por certo enveredariam por outro caminho.
Todo
trabalho, na Terra como no Espaço, tem caráter cooperativista. Ninguém pode
trabalhar só para si, e o importante é reconhecer essa verdade. Quando a
criatura se convencer de que está trabalhando, continuamente, para outros, e
que estes, de igual modo, trabalham para ela, começará a perceber que o
Trabalho é uma Unidade, e que cada um faz uma pequena parcela dele.
Essa
idéia real mostra claramente o espírito cooperativista do trabalho e o papel
que todo ser deve desempenhar, como membro de uma grande família humana que, se
fosse esclarecida, seria fraterna e solidária.
Ser
apóstolo do trabalho, realizando‑o com fraterna compreensão, é sentir a missão
de que todos estão revestidos. O encargo mais humilde pode ser entendido como
uma missão, uma tarefa reservada, uma atribuição especial que precisa ser feita
por aquele indivíduo a quem foi destinada, para um fim expresso e, quase
sempre, oculto, mas o bem.
Ser
apóstolo do trabalho, é reconhecer nele o seu fado edificante e tornar‑se
exemplar na sua execução, e defensor e propagador dos seus méritos, concorrendo
para o enobrecimento do espírito.
Numa
orquestra em que tantos instrumentos diferentes tocam juntos para produzir uma
combinação harmônica de sons, nenhum músico pode desafinar sem prejuízo do
conjunto, e todos eles ficam atentos, solidários, empenhados na boa execução da
peça musical, fraternalmente unidos para um mesmo fim, e dependentes uns dos
outros. Na orquestração da vida, repete‑se o fenômeno.
Pugnar
pela moralidade dos hábitos e costumes, significação vigilante e doutrinária,
em que têm assento os bons conselhos, a boa conduta, e devam sempre imperar os
princípios da moral cristã. É fazendo uso da palavra, da pena e dos exemplos,
que se pugna pela moralidade dos hábitos e costumes, cujos reflexos edificantes
atingem diretamente os lares.
Se
todos se dispusessem a pautar o seu viver pela moralidade ampla, a
transformação do mundo se operaria, prontamente, para a felicidade de seus
habitantes, pois é a falta do senso da moral que conduz homens e mulheres aos
despenhadeiros da vida.
A
maioria não faz o menor esforço para reformar os maus hábitos, preferindo
prosseguir na inconsciência dos insucessos que arma, caminhando à maneira das
reses que seguem para o matadouro.
Impera,
realmente, o animalismo por toda parte, pois o que se vê muito de perto é a
preocupação única pelo corpo físico e suas solicitações aguçadas, pouco se
importando as criaturas como o que é principal e fundamental: ¾ a vida do
espírito.
Elevar
o conceito da família ao mais alto grau, é desenvolver o patrimônio moral do
País. Para elevar esse conceito é preciso que todos os seus membros se
compenetrem da importância da Família no seio da coletividade. A Família é um
agrupamento espiritual de seres que se completam para um mesmo fim. É no lar ¾ habitação da
Família ¾ que se forjam
os caracteres, que se formam as personalidades, que se preparam homens e
mulheres para todos os momentos da vida.
É preciso
que essa célula energética, a Família, seja bem constituída, sadia, uniforme,
respeitadora e respeitada. Cada membro dela deverá dar o seu quinhão de valor
para a sua elevação. Todos unidos, irmanados, ligados por sentimentos afins,
devem defendê‑la, intransigentemente, contra quaisquer investidas que tentem
diminuí-la.
Para
isso, deverão servir‑se da força moral, do passado limpo, dos exemplos
merecedores de alto crédito e da conduta modelar. Eleva, o conceito e a
estrutura da Família, é uma obrigação imperiosa que pai, mãe e filhos,
indistintamente, devem cumprir. A prática de espiritualidade inicia‑se no meio
familiar e desenvolve‑se no ambiente social.
Manter‑se
em dia com as obrigações e deveres, não exorbitando da sua autoridade é lembrar‑se
daquele ditado: "não deixes para amanhã o que puderes fazer hoje"
Além disso, é ser pontual nos seus horários, nos pagamentos e demais
compromissos, e estar atento para não deixar faltar o necessário na vida de
relação, tanto no lar como no trabalho; é ter disciplina, ordem e método, e
saber controlar as suas atividades, despesas e saúde; é viver em harmonia,
criando um clima saudável ao seu redor, pelo bom‑humor, a serenidade e a
prudência.
Não
exorbitar da autoridade, é não se prevalecer da sua eventual superioridade
terrena, para fazê‑la sentir aos que estiverem em posição inferior.
A
autoridade mantém‑se pelo valor pessoal, pelos exemplos e pela ação criteriosa.
As feições carregadas podem infundir temor, mas não respeito, consideração e
amizade, como é de desejar‑se. Ao ser verdadeiro e sincero, estará o indivíduo
enquadrado neste lema, e adotando normas básicas para a fiel observância da
vida espiritual.
Quanto
se recomenda conservar ativos todos os seus atributos morais superiores, dando‑lhes,
quanto possível, maior expansão, reconhece‑se que todo ser tem, em potencial,
atributos morais elevados, que já se revelaram, em parte, ou hão de revelar‑se.
O que
se aconselha é que se faça o possível para eles se revelarem e expandirem com a
maior brevidade, para não se constatarem retardamentos prejudiciais.
Uma vez
que esses atributos precisam ser despertados e estimulados, convém que se dê
inicio, quanto antes, a esse processamento, para evitar que tenham de ser
acordados da sonolência pelo sofrimento. O fato de serem conservados ativos,
indica que se tornarão vigorosos pelo exercício continuado.
Converter
um mal em bem, na maior proporção dos recursos pessoais, é, como ensinou Jesus,
pagar o mal com o bem, não alimentar ódios, malquerenças nem ressentimentos.
O ser
que pratica o mal, conscientemente, vive ainda no primitivismo da vida, em
estado de grande ignorância espiritual, e se puder ser ajudado para livrar‑se
das trevas por onde anda, será um grande benefício para quem o ajuda e para ele
mesmo. Uma vez que todos fazem parte da grande família humana, é racional que
esse membro dessa família, embora atrasado, receba lição afetuosa e oportuna
que o auxilie a encontrar o caminho do progresso.
Viver,
em cada dia, distintamente, material e espiritualmente, como fiei cumpridor das
leis eternas do Amor, Harmonia e Paz, significa que havendo horas para tudo,
não se misturem os afazeres materiais com os espirituais, nunca mercadejando
com as coisas do espírito.
As leis
eternas que regulam a Vida Universal, são naturais e imutáveis, e contrariá‑las
é errar, é ferir‑se, é provocar sofrimento, é retardar a evolução obrigatória.
O amor,
a harmonia e a paz são dons que se cultivam e desenvolvem culminando com a
felicidade, e integram‑se nas leis da Sabedoria. Para ter amor, harmonia e paz
na alma, é indispensável que o ser aprenda a viver também no plano da
espiritualidade.
A maneira
de a criatura revigorar, em esforço constante, a sua posição junto às correntes
do Astral Superior, é saber irradiar a ele, em horas próprias, ajustando‑se ao
contato com essas Forças do Bem.
Essa
prática é indispensável a quem se dedica a viver menos para a matéria e mais
para o espírito. Ninguém deve julgar, dentro da sua simplicidade, que nada
vale, e que no Astral Superior não haverá quem se interesse por ele.
Certificar‑se
da sua unidade com o Todo através do estudo, do raciocínio e da meditação, é
reconhecer‑se como Força e Matéria, os dois elementos de que se compõe o
Universo. Uma vez realizada essa concepção, a idéia de Deus se confunde com a
da Inteligência Universal, não havendo mais possibilidade de visualizá‑la na
figura vulgar de um ser humano.
* * *
Todos
possuem a mediunidade intuitiva, e esta se desenvolve com o desabrochar da
espiritualização. E por meio dessa faculdade que se estabelece o contato
espiritual com as Forças Superiores, e se recebe aquilo que se chama inspiração
ou intuição.
O
Espaço está impregnado de pensamentos emitidos pelos incontáveis Espíritos que
o ocupam, e como os pensamentos afins se atraem, tem o ser a possibilidade de,
por meio da intuição, pôr‑se em ligação com os pensamentos de idêntica vibração,
e receber a solução para os seus problemas, com a ajuda do raciocínio.
Poder‑se‑ia
dizer que a humanidade sofre porque quer, uma vez que se dedicasse à
espiritualidade, a maioria dos sofrimentos nela não encontraria guarida.
Mas há
de reconhecer‑se que as seitas materialistas iludiram, por tal forma, as massas
de crentes e fiéis, que se torna difícil a estes abandonarem as esperanças
fagueiras que lhes são acenadas, para aceitar a Verdade crua e nua da
espiritualidade. Por isso se fazem surdos e esconjuram quando o que se diz não
afina com as afirmações dogmáticas estabelecidas.
A
espiritualização não pode ficar restrita a palavras. Ela exige ação, seja pelo
exercício, seja pelo estudo ou pelo exemplo, e sempre haverá alguma forma de
praticá‑la ou externá‑la. No Racionalismo Cristão existe essa prática, à qual
se dedicam os estudiosos da Doutrina, que é efetuada em complemento aos seus
ensinos.
Quando
se fala em espiritualização, alguns pensam que se trata de invocação de
espíritos, por associarem a palavra espírito à espiritualização. Ignoram esses,
lamentavelmente, que são, como os demais, apenas espíritos, e que a aparência
física passageira não pertence à estrutura espiritual.
Diante
desta linguagem leal e confraternizadora, não há como pretender alguém desviar
o verdadeiro sentido desta exposição para esquivar‑se de reconhecer a verdade
exposta. Não tem a Doutrina Racionalista Cristã o menor interesse em dizer uma
coisa por outra, porque não busca nenhuma vantagem para si nem precisa de coisa
alguma por via de solicitações. Com esta independência moral,
tem autoridade para apresentar os seus ensinamentos liberalmente, sem esperar
retribuições.
Espiritualismo
Por Luiz de Souza
Por Luiz de Souza
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