
Todos devem trabalhar
contentes com a sua profissão, porque assim vivem melhor e mais alegres. O bom
humor, todos o sabem, é fator de saúde.

O
dinheiro é uma armadilha terrível para enredar os incautos. Pobres dos que se
deixam inebriar pelo engodo dos deleites mundanos oferecidos pelo dinheiro,
irremediavelmente contaminado pelo vírus entorpecente dos convites da matéria!
Tão prejudicial quanto o vício arrasante do fumo, do álcool, do ópio, da
maconha, do jogo, é o vício do apego ao dinheiro, pelo qual tudo faz e
sacrifica o mísero ser dominado por ele.
O dinheiro pode levar de roldão a
honra, o caráter, a dignidade, a moral do indivíduo, fazendo o perder um bem
precioso, que é a encarnação.
Os
vícios citados podem ser abandonados, e são conhecidos muitos casos de
recuperação, mas o escravo do dinheiro, o ególatra, o sovina, o armazenador
argentário que o quer só para si, egoisticamente, a fim de usufruí lo, desfrutá
lo nababesca e criminosamente, ou para gozá lo de forma doentia, no seu volume
acumulado, este é realmente um caso perdido, um infeliz que encontrou o seu
deus matéria, e o há de sorver, inapelável mente, até o
último segundo da existência.
Abandonar,
pois, a vocação, para correr atrás do dinheiro, pode ser um erro de clamorosas
consequências. Mais vale o pouco e produtivo, no sentido da evolução, do que o
muito e destrutivo.

O mundo
está organizado para oferecer esferas de ação numerosíssimas a todas as
vocações. Estas são necessárias, não só para quem as possui, como para aqueles
que por elas são beneficiadas.
Assim,
para exemplificar, o alfaiate artífice tanto colhe experiências e proventos com
a sua profissão, como os seus clientes se beneficiam de uma obra que não sabem
executar.
Como as
peças de um relógio, cada indivíduo tem de assumir o seu lugar na vida e
procurar fazer, do melhor modo possível, a sua tarefa vocacional.
Todos,
quando encarnam, trazem a sua vocação. É a ambição desmedida que, muitas vezes,
põe de lado o esforço orientado no sentido reto da vocação, para forçar a caminhada
por outra vereda, aparentemente mais lucrativa. Daí registrarem se os grandes
fracassos, cujas origens ficam para trás, na sombra de atos imprudentes do
passado.
A
inteligência Universal está presente em toda parte, e cada ser se move no seu
oceano de Sabedoria, com uma trajetória definida. Se o mau uso do livre
arbítrio não opuser dificuldades a que o espírito prossiga, serenamente, na sua
jornada, pode considerar se vitoriosa a encarnação consumada, e novos
horizontes serão descortinados na vida espiritual.
Encontram
se pessoas que possuem várias vocações, o que lhes permite escolher uma ou mais
delas para a sua profissão. As vocações são atributos do espírito oriundos do
seu próprio merecimento, conquistados pelo seu esforço na cadeia imensa de suas
reencarnações.

Há
tarefas no mundo muito mais árduas umas do que as outras, e os que se encontram
em situações desfavoráveis, costumam revoltar se com elas por falta de
esclarecimento. Reconhecendo que cada um tem o que merece, o papel do
Racionalismo Cristão não é apagar as falhas que produziram o imerecimento,
coisa impossível, face às leis imutáveis, mas aconselhar novas práticas no
viver de cada dia, para que o futuro seja coroado das melhores perspectivas.

As
vocações podem ser desvirtuadas, quando fortes tendências individuais dominem a
força de vontade. Quando essas tendências pendem para o lado mau, surgem, como
exemplo, os habilidosos batedores de carteira, os técnicos do roubo, os
engenhosos planos usurpadores, a ciência do crime.

Viver,
todos vivem; o difícil é saber viver. Viver em prejuízo próprio, acarretando
sofrimentos para o futuro, é uma, insensatez. No entanto, a grande maioria vive
como louca, num estado de semi inconsciência, praticando, a cada passo, os atos
mais desatinados e abomináveis.
A
maioria das pessoas tem medo de conhecer a Verdade, para não entrar em choque
com a própria consciência, tão certa está de andar praticando o mal. Mas da
Verdade ninguém escapa, e em dias que virão nesta existência física ou, depois,
na Astral, ela resplandecerá, sem qualquer possibilidade de ficar oculta. O
desinteresse pelo seu conhecimento somente servirá para a prática de novos
erros.
Limitar
se o indivíduo à sua vocação, não significa estar ele imune de incorrer em alguma
falta derivada do uso do livre arbítrio, mas esse critério poderá servir para
cumprir a sua missão terrena com as melhores perspectivas de êxito.
Forçoso
é reconhecer que as probabilidades que tem o indivíduo de descambar pela
falência moral, durante a trajetória terrena, são muito maiores do que as de
sucesso. Isso porque a tendência da criatura encarnada é a de materializar se,
cada vez mais, se não tiver um acervo espiritual valioso.
Os
convites da matéria são inúmeros e fascinantes, e se apresentam bastante
dominadores para quem não disponha dos recursos de defesa. Esses recursos se
encontram nos ensinos espiritualistas e, mais ou menos adormecidos, na
contextura do próprio espírito, os quais precisam ser vivificados pelo trabalho
diário na esfera de ação de cada indivíduo.
A
influência materialista está presente nas mentes de quase todos os encarnados,
com a ajuda das religiões, que primam em apresentar imagens palpáveis para
serem adoradas.

Os
afins se atraem. Deste modo, os que pensam materializadamente achegam se uns
aos outros e formam comunidades poderosas, cujos erros só em séculos podem ser
desfeitos, séculos de dores, de experiências duras, colhidas nos desvios da
contraprudência.
Para
cada esfera de ação, a criatura se prepara no Plano Astral respectivo, de
maneira a nela operar se, de modo salutar e construtivo, o desenvolvimento de
atividades úteis, para o benefício geral.
Se, em
lugar disso, a criatura age em sentido contrário, movida por interesses
subalternos, escusos e corruptores, está procedendo insensata, leviana e
dolosamente, em detrimento da evolução.
Urge
compreender bem esse fato, para que não se incida, conscientemente, em erro.
Deve haver um sentido de alerta permanente para não se errar. A mente precisa
estar sempre preparada para reagir contra os maus pensamentos, os de fraqueza,
os de negligência, os desabonadores da conduta.
As
pessoas no mundo estão cercadas de perigos e ciladas, tornando se, por isso,
indispensável que se previnam contra os assaltos imprevistos, os ataques
sorrateiros, as picadas venenosas. Se bem que se encontrem almas esclarecidas
no torvelinho da vida, a realidade é que a maldade predomina nos conglomerados
humanos, em que a maioria corre atrás, avidamente, do açambarcamento, dominada
pela ânsia de aumentar haveres, sem escrúpulos, sem olhar se lesa ou deixa de
lesar.
Evidentemente
ninguém vem encarnar, para proceder dessa condenável forma, mas, em aqui
chegando, a maioria dá expansão aos atributos negativos da alma, rejeita idéias
evolutivas que lhe pareçam pouco práticas, e se atira, sofregamente, às
conquistas terrenas, completamente cega da visão espiritual.
Esse
quadro, porém, não representa uma contingência imperativa de um curso
inevitável. Se assim fosse, de nada adiantaria o preparo feito no Plano Astral
para que a criatura encarne perfeitamente munida dos elementos morais que, com
esforço, a farão triunfar em sua esfera de ação, triunfar espiritualmente, não
deturpando a preparação recebida, não esmorecendo diante das dificuldades
interpostas, não se deixando aniquilar em face do sofrimento.
Neste
alambique depurador, todos terão de carregar, em sentido simbólico, a sua cruz.
Para uns é mais leve do que para outros, mas também é fácil entender que uns
tivessem praticado menos erros no passado do que outros.
Todas
essas cruzes simbólicas poderão ser leves, no futuro, se cada um procurar viver
contente no seu campo de ação com a sua profissão, desejoso de esmerar se nela,
agindo sempre com honestidade, consciente de que é um ser ativo ao serviço de
uma Causa, cumprindo a lei da Evolução Universal.
Esferas de Ação
Por Luiz de Souza
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