A verdadeira vida é espiritual, visto que todos são espíritos, embora encarnados, enquanto que a matéria é ilusória, passageira, de duração relativamente efêmera e de valor secundário. — Luiz de Souza

O Amor - Por Luiz de Souza

Os epicuristas venalizaram, isto é, corromperam o sentido da palavra amor.

Levaram-no para o campo da materialidade. Conspurcaram-no.

Tornaram-no na vida mundana, uma expressão vulgar, despida de sublimação.

Isto porque a espiritualidade anda muito escassa neste mundo de ostentações e de enganos.

Serviram se desse vocábulo para exprimir o desejo, a satisfação desfrutada nos laços da carne. Esse é um sentimento interesseiro, efêmero, passional.

Ao contrário disso, o verdadeiro amor é desinteressado, eterno, espiritual.


De nenhum modo o mesmo termo deveria servir para registrar concepções tão distantes uma da outra. Mas o certo é que um significado se une à corrente material, enquanto o outro pertence ao domínio do espírito.
Jesus foi quem elevou a expressão ao seu alto grau, revestindo-a de pureza e de luminosidade.

Ninguém pode amar fora da espiritualidade, porque uma vez solto desse plano, o ser só o encontra no reino da matéria.
O amor mundano é interesseiro, porque visa a posse, a embriaguez dos sentidos físicos, sempre passageira e ilusória, anseia pela obtenção de um prazer pessoal e egoísta, efêmero, porque vive, apenas, durante a estação do viço, enquanto alguns encantos das imagens da fantasia não fenecem. É passional, porque sofre as influências apaixonantes dos espíritos do astral inferior.

Do outro lado, nobilitante, o Amor é desinteressado, porque se alia ao sacrifício; nada pede, nada reclama, nada exige e tudo oferece, desprendidamente; neste estado, a alma se sente feliz de poder ser útil, de notar válidos os seus préstimos, de reconhecer se parcela do Todo, que é todo amor. É eterno porque, uma vez revelado, nunca mais se perde, não diminui; não acaba e acompanha o ser na rota para a eternidade. É espiritual, porque é atributo do espírito, nada influindo nela a matéria.

Há exemplos desse Amor sublime na Terra, porque o espírito, embora encarnado, é sempre espírito, e por isso, quando não sempre, vez por outra, confirma a sua natureza; vemo-lo na alma das mães, dos pais, dos avós e, menos intensamente, na dos parentes afins.

Há amigos que também o sabem cultivar. O afeto, a estima profunda, a amizade verdadeira, são manifestações do amor. Todos os possuem inato em sua alma, em potencial, e a sua presença se fará sentir, cada vez mais notória, na medida da crescente espiritualização.

No estudo que o Racionalismo Cristão faz dos atributos espirituais, sempre fica evidenciada a necessidade premente e imperiosa dos seres humanos promoverem a sua espiritualização. A humanidade só poderá viver feliz, depois de espiritualizada, quando os seus componentes puserem em prática as suas virtudes enclausuradas pela ignorância das coisas do espírito.

Os ensinos de Jesus, revelados há cerca de dois mil anos, não encontraram a receptividade desejada e, ainda hoje, expostos pelo Racionalismo Cristão, acham se cerceados pelas barreiras trevosas da religiosidade materialista.
Pouco a pouco, no entanto, essas barreiras irão se rompendo, a luz da verdade se projetando de maneira convincente, e os que uma vez a sentiram, jamais retrocederão, porque se identificaram com ela.

As vibrações da Inteligência Universal enchem o Espaço Infinito, atravessam e saturam todos os corpos, conduzindo, na sua essência, o amor supremo, de que também se constituem.

Desde que, pelo desenvolvimento da espiritualidade, se estabeleça a sintonização daquelas vibrações com as das partículas individuais, que são os espíritos, não só a inteligência alcança os mais altos afinamentos, como o amor se desabrocha com as suas aprimoradas refulgências.

O caminho da espiritualidade é esse de atingir se a sincronização das vibrações dos seres com as do Grande Foco, o que se alcançará, com mais propriedade, no Plano Astral, mas que deve ter início ou ponto de partida nas diretrizes adotadas na vida terrena, em que se amoldam e se revelam as predisposições espirituais.

A espiritualização começa a ser promovida na Terra, e só então poderá prosseguir no Espaço. Assim, enquanto os habitantes deste orbe não derem início à ação espiritualizadora, terão de reencarnar, tantas vezes quantas forem necessárias, até resolverem dar esse passo. Esta advertência não representa, de modo algum, uma ameaça, mas tão somente uma informação fraterna que poderá interessar a alguém, e que é oferecida como uma dádiva de amor.

Aqueles que adquiriram tal convicção por meios espirituais, estão no dever de divulgar o que aprenderam, e assim fazem também os Espíritos do Astral Superior que, empenhados na espiritualização do planeta, distribuem amor através dos ensinos do Racionalismo Cristão e por via de outras ações diretas.

A ciência reconhece que estão agrupados, neste mundo depurador, seres da mesma índole, com afinidades idênticas, formando coletividades à margem umas das outras, segundo as inclinações comuns que cada uma delas revela.

Isso comprova que a evolução se faz por grandes grupos, no interior dos quais se encontram espíritos que, através de milhares de reencarnações, estabeleceram, entre si, pontos-de vista análogos, compromissos de ordem moral, débitos por saldar e outras ligações, como as de família, de sociedade, de empreendimentos que os unem indissoluvelmente, formando raças, sub raças ou regionalistas implacáveis.

Daí ressalta a razão de muitos se ajudarem mutuamente, no sentido de uma grande família. Esse aspecto se reproduz no âmbito do espírito, em que se devotam os seres pela colaboração, pelo desprendimento, pelo desejo de ajudar, à tarefa de levar aos demais, com amor, a obra de espiritualização.

Realizar o amor na vida terrena, com toda a sua sublimidade, é tarefa assaz difícil, mas não há ninguém que a tenha realizado de um dia para o outro. Essa realização se dá com o desenvolvimento da espiritualidade, paulatinamente, e com o esforço que for empregado, e culmina quando o ser for capaz de amar aqueles que o odeiam.

Neste caso, a espiritualidade já está tão aflorada, que a criatura, em tal estado, não precisa mais da Terra para prosseguir na sua evolução, e se a ela voltar, será para desempenhar missão especial.

O espírito que emite vibrações de ódio é infelicíssimo, e precisa ser prontamente ajudado, por encontrar se à beira de um abismo. Quem por ele se interessar, poderá oferecer lhe solidariedade afetuosa, vibrações fraternais feitas com serenidade e interesse, de maneira a que uma certa dose de amor possa valer lhe.

Aqueles que se dispõem a algo fazer por alguém que o mereça, passam, automaticamente, a receber boa assistência do Plano Astral daqueles que ali possuem fonte de amor e se servem de todas as oportunidades para praticar o bem.

O Amor é força que pode operar grandes prodígios por meio de quem dela dispõe e a sabe aplicar, todos os seres, indistintamente, chegarão a tê la desenvolvida, mesmo os que se obstinam, por enquanto, a não abandonar as crendices anestesiantes do espírito. São as crendices que tolhem o movimento da espiritualidade, e sem esta não pode haver Amor.

Quando se puder entronizar no mundo   e esse dia chegará   o império do amor, não haverá mais guerras, nem revoluções, nem dissidências. Quanto mais esclarecida for a criatura, tanto menos divergirá, em igualdade de condições, do seu semelhante.

A verdade sendo, como é, uma só, não pode ser entendida de várias maneiras, nem haver discordância no seu conhecimento. Todos hão de chegar a um ponto de evolução em que não há de haver duas modalidades; distintas e separadas de aceitar um conceito.

As conclusões serão positivas e convergentes, e, assim, bem se entenderão os indivíduos e os povos na marcha unida, cada vez mais para cima. Será quando não só o intelecto demonstrará a razão e a lógica dos fatos, com união de vistas, mas, mais ainda, o amor, com a sua contribuição inseparável.

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Todos os acordes da orquestração espiritualista afinam com o tom harmonizante do conjunto das vibrações excelsas do amor.

O Amor
Por Luiz de Souza

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