Vício dos mais perniciosos é o da
maledicência, que imperceptível e sorrateiramente penetra na alma humana. Ele
nasce da falta de solidariedade e do desamor entre as criaturas. A ausência de
uma boa ocupação é também causa predisponente. A pobreza de assunto conduz à
conversação ociosa, que vai da futilidade à maledicência.
A vibração mental que emite a
maledicência - produz uma forma de pensamento derrotista, cuja influência
poderá atingir a vítima descuidada, por ser o pensamento uma força poderosa.
Na maioria dos casos, a maledicência
esconde, por baixo da capa, o sentimento de inveja, do despeito, da ingratidão.
É um modo diverso de exercer a vingança. O indivíduo vinga se falando mal,
desmoralizando, ferindo, sem que o acusado se possa defender. Há criaturas que
abraçam, apunhalando pelas costas, à maneira dos tamanduás.
Aconselha se o maior cuidado com os
maledicentes, que são facilmente reconhecíveis; aos olhos perscrutadores, a sua
amizade não merece crédito. Dia mais, dia menos, inesperadamente, são capazes
de causar dolorosas decepções. Não conhecem a lealdade, na sua forma
expressiva. O maledicente não é um cristão, pouco ou nada valendo a sua
filiação a qualquer classe de ideias.
Ele deve ser tratado com reserva,
pois anda na linha dos intrigantes e dos traidores, e é um associado das forças
do astral inferior. Os que injuriam e difamam, começaram a sua carreira
criminosa como maldizentes e foram se corrompendo, nesse vício, até atingir as
formas mais penosas da indignidade humana.
Cabe aos pais e aos professores
combater o germe da maledicência que se manifesta na infância. As crianças
precisam, por isso ter preceptores vigilantes. Nessa primeira fase da
existência, a correção aos males que surgem é menos difícil. Mais tarde, depois
de criarem raízes profundas, a extirpação dos males oferece resistência muito
mais pronunciada, e quase sempre se tomam eles crônicos e incuráveis. O efeito
mais provável é a perda da encarnação.
Muitos dão pouca importância ao
vício da maledicência, não só por ignorarem o lado espiritual da vida e nada
saberem sobre a força do pensamento, como por desconhecerem tudo acerca do
astral inferior. Portanto, o vício da maledicência é um produto da ignorância
provocada pela falta de espiritualização.
O esforço que deve ser empregado
para impedir o florescimento da maledicência é da consagração espiritual, obra
de grande merecimento pelo bem que promove. Só o fato de a criatura entender a
razão pela qual não deve ser maledicente, já é motivo rejubilante, porque é
prova de que se inicia no esclarecimento espiritual.

Num dos pontos altos do sistema
educativo adotado pelo Racionalismo Cristão, está o enérgico propósito de
subjugar a maledicência pelos melhores meios. No combate a todos os vícios que
ali se faz, não poderia esse ficar à margem.
Em se tratando de um vício, como
realmente é, a maledicência corrói a alma do seu agente, causando lhe um
estrago ainda maior do que aquele que provoca em sua vítima.
O prejuízo oriundo da maledicência,
que é todo de ordem Moral, não aparece à luz dos olhos físicos, mas infiltra se
na estrutura invisível e atinge o cerne vital. Daí exigir cura ou restauração,
e esta só se consegue numa futura volta ao mundo, em processo reencarnatório,
quando uma experiência muito mais dura estará reservada ao atuante maledicente,
que, por certo, perderá, então, o malfadado vício, se a experiência for bem
aproveitada.
Não poderá ninguém dizer,
honestamente que advertências como esta visem qualquer interesse secundário;
este panorama é apresentado com lealdade, com o intuito de alertar, ajudar e
contribuir para uma melhor aprendizagem na vida terrena.
A evolução é Processada por camadas
humanas, tomando se necessário que os integrantes menos cuidadosos de cada
camada se apresentem no sentido do desenvolvimento espiritual, para não terem
os mais aplicados de esperar, embora em meio mais ameno, pelo progresso dos
retardatários, até o ponto de serem estes banidos e descerem os pirrônicos,
caso a outra camada de menor evolução não se esforce por acompanhar os demais
da sua classe.
Guardem os maledicentes este aviso,
na certeza de que todos os atos dos seres não escapam à percepção espiritual e
quem mal faz para si o faz.
Os que mal procedem estão sujeitos
aos mais cruéis sofrimentos, sem que as suas lamentações produzam a menor
influência na sequência dos fatos preestabelecidos. A situação moral dos
maledicentes é muito mais grave do que aparentemente pode ser considerada, em
face do que deve esse vício ser encarado com o rigor de uma repulsa formal.
A Maledicência