

Pode se considerar a
humanidade dividida, economicamente, em três classes, a pobre, a média ou
remediada, e a rica.

Na classe pobre, impera, quase
sempre, o trabalho manual ou braçal, mais ou menos rude, que exige energia
física, renúncia de conforto e severo controle da economia privada. Os deveres que
se impõem a esta classe, perfeitamente definidos, como nas demais, asseguram a
especialização dos ofícios, na sua grande variedade, habilitam os seres a
praticar o socorro mútuo, pela ação direta, tornando se responsáveis pelo
suprimento das utilidades, inclusive os produtos alimentícios, ao consumo
comum, e entre os consumidores se incluem todas as classes: pobre, média e
rica.

Evidentemente
é uma classe indispensável à vida, tanto quanto as outras, e por essa
indispensabilidade, forçoso se toma que os seus representantes tenham paciência
nos seus postos, pois se neles bem cumprirem os seus deveres, na volta à Terra
terão oportunidades muito melhores.


Dispondo,
comumente, de corpos físicos mais delicados, comparativamente, têm de suportar
uma carga de serviço que pode parecer superior às forças em reserva. Neste
ambiente dão se muitos desastres morais, pela falta de compreensão e
espiritualidade. Vencem aquelas criaturas que trouxeram valioso acervo de lutas
anteriores e possuem a alma curtida pelas experiências passadas, muitas vezes
repetidas.
A vida
nesta classe oferece perigos maiores do que na primeira enunciada, por ser onde
se marca passo, até por centenas de encarnações. Aí se encontra o maior número
de pessoas revoltadas, inconformadas e desajustadas. As folganças na vida da
classe rica são objeto de aspiração dessa classe que, não estando
espiritualmente preparada para compreender a realidade dos fatos, exaspera-se,
comete desatinos e perturba se. No entanto, muitos há que compreendem a
situação pelo aspecto da vida espiritual, e seguem os seus caminhos,
serenamente, na certeza de darem por bem aproveitado o tempo aplicado nos
deveres que lhes tocam.
Na
classe dos ricos se encontram aqueles que, em maior proporção, estão acumulando
débitos. Andam pelo terreno das futilidades. Pagam a servidores para não
trabalhar. O dinheiro cobre todas as necessidades. Os deveres ficam para os
outros. O ambiente de luxúria é o que predomina. Gastos supérfluos são feitos a
todo momento. O desperdício é hábito rotineiro. A desgraça alheia fica muito
distante. Exercitam a falsa caridade e os atos chamados piedosos se misturam
com as pompas sociais.
A
vaidade, o orgulho, a presunção, a ostentação de grandezas, a arrogância, o
enfatuamento, são, ordinariamente, os alimentos viciosos do espírito. A maioria
deles, na volta à Terra, irá para a classe dos pobres. O dinheiro é o veículo
mais apropriado para o indivíduo pôr à mostra uma série de defeitos morais; com
dinheiro farto, ele dificilmente se contém; dá expansão franca e plena aos seus
instintos, às suas ânsias insatisfeitas, à sua grande e falsa oportunidade.
Então farta se de semear o joio, sem se preocupar com a colheita.
Nem
todos, porém, se perderam nesse caminho ilusório, visto que pela sensibilidade
espiritualista, têm consciência da Vida e procedem como criaturas seguras da
sua posição.

Os
cavilosos, os ludibriadores, os mistificadores são dos que muito perdem nesta
vida e serão, por largo tempo, perseguidos pelo reflexo das suas más ações.
Terão de suportar o retomo impiedoso de suas tramas criminosas. A lei da causa
e efeito não falha e não tem sensibilidade, por ser simplesmente lei.
Na classe dos ricos estão os poderosos, os que exorbitam da sua autoridade e posição, os que mandam com o dinheiro na mão. Querem ver a sua vontade satisfeita, e não falta quem se sirva a prestar os seus serviços, por interesse, a elementos voluntariosos, déspotas e desalmados. É, por isso, uma classe muito carregada de débitos, que começarão a ser cobrados, sem tardança, quando não antes, da encarnação seguinte em diante.
Na classe dos ricos estão os poderosos, os que exorbitam da sua autoridade e posição, os que mandam com o dinheiro na mão. Querem ver a sua vontade satisfeita, e não falta quem se sirva a prestar os seus serviços, por interesse, a elementos voluntariosos, déspotas e desalmados. É, por isso, uma classe muito carregada de débitos, que começarão a ser cobrados, sem tardança, quando não antes, da encarnação seguinte em diante.
Não há
quem nasça sem deveres a cumprir. Todos os têm, e ai de quem se descurar deles!
Na classe pobre, enquanto o chefe da família busca, no trabalho, a manutenção
dos seus, a esposa e companheira lava e passa, cozinha e arruma, costura e
limpa, mantendo o lar em ordem, sadio e alegre.
Na
classe média, a dona da casa, embora mais aliviada dos serviços pesados, tem as
mesmas obrigações e deveres, mais se esmerando na educação dos filhos. Na
classe rica, tem a dona da casa a liderança de todos os serviços, controlando e
dirigindo os afazeres dos serventes, mantendo bem conservados os pertences,
zelando pela economia dos gastos, pela boa aplicação dos recursos, pela
alimentação adequada e sobretudo pela mais completa educação e instrução dos
filhos.
Essa
tarefa das mães ricas é de grande responsabilidade, pois não lhes faltam os
meios, que as das outras classes não têm, para preparar os homens e mulheres de
amanhã, para quem passam os cargos ou as posições de maior relevo.
Os
espíritos que encarnam com o fim de se elevarem, depois, acima do meio, para
realizarem algo de extraordinário, missionariamente, podem nascer na classe que
bem entendam, porque por si mesmos se elevarão ao ponto que desejarem.
São
almas possuidoras de rico manancial de força de vontade, inteligência e
energia, que não terão dificuldade em erguer se à sua própria custa. A maioria,
porém precisa do preparo inicial dado pelos pais, especialmente pela mãe, que
com eles convive mais de perto, auscultando lhes as tendências e aptidões para
cultivá las, ao serviço do bem.
As
mulheres e, principalmente, as mães, têm um papel importantíssimo na vida, em
nada inferior aos dos homens. Estes devem muito das suas realizações às
mulheres, com quem participam da vida, sejam mães, sejam esposas.
Logo, a
mulher tem, entre os seus deveres, a missão de consagrar se ao trabalho
educativo ministrando aos entes ao seu cuidado, a ilustração precisa, a
orientação sadia, a concepção espiritualista da vida, para que se tornem os
futuros condutores da coletividade, seres esclarecidos, controlados,
empreendedores, honrados, justos, enérgicos e serenos, nobres de alma, capazes,
seguros e respeitadores.
Os
homens, no cumprimento normal dos seus deveres, devem dar o exemplo de
operosidade, de retidão, de esmero, de esforço, de dedicação, de honestidade e
de disciplina, num sistema de colaboração e entendimento, para que os
resultados sejam sempre os melhores.
Os
deveres não devem ser tomados como uma imposição forçada; antes precisam ser
compreendidos como um prêmio conferido ao direito de viver. Os que se eximem,
por conta própria, de tomar conhecimento dos seus deveres, deixando os por
fazer, cometem falta grave, pela qual responderão mais cedo ou mais tarde.
Os
animais inferiores cumprem, instintivamente, os seus deveres. Os que estudam a
vida das abelhas e das formigas, fornecem pormenores abundantes sobre a maneira
pela qual, no seu trabalho organizado e eficiente, cumprem os seus deveres. Os
cães, segundo as raças, cumprem, de várias maneiras, as suas obrigações, seja o
São Bernardo, salvando vidas, seja o Policial, dando caça aos criminosos, o
Pastor ou o Guarda, todos cumprem as suas tarefas. Ora se, de maneira
rudimentar, o dever já se esboça nessa classe animal, mais nítido,
desenvolvido, bem especificado, há de apresentar se o senso do dever no homem!
Numa
fábrica, numa usina, num escritório, numa empresa, numa companhia, que prejuízo
pode causar o displicente que descumpre os seus deveres! Em nenhuma atividade é
tolerado o indivíduo irresponsável.
Assim
como um complicado mecanismo deixa de funcionar ou funciona mal se uma das suas
peças estiver desajustada ou imperfeita, também na vida de relação, embora nem
sempre se perceba, há um desequilíbrio, uma falha, quando um elemento humano
deixa de participar, eficientemente, do funcionamento normal da vida.
É
preciso não esquecer que tudo quanto se faz ou se deixa de fazer na ordenação
dos deveres, fica perenemente gravado no quadro fluídico das obras de cada
espírito.
A
ignorância é fonte de erros, de desgraças, de sofrimentos e de infelicidade.
Espancar as trevas da ignorância, é o que procura fazer o Racionalismo Cristão,
com os seus ensinamentos; desejam os que nele militam que todos conheçam a
Verdade sobre a vida, para eliminarem de seus procedimentos erros lamentáveis,
que os levem a criar penalizantes situações futuras.
Por
esta razão, atente se para a obrigação de fazer cada um a tarefa que lhe
compete, sem recusa, sem fugir dela, sem se lastimar, porque tudo muda de uma
existência para outra, e essa mudança será para melhor, se os deveres não forem
descuidados.
Aqueles
que estiverem suportando uma cruz pesada, não esmoreçam, prossigam firmes na
jornada, confiando em dias melhores que virão, na certa. Tudo depende da
própria pessoa, de não desanimar, não se revoltar, não se lamuriar, pois
sabendo que fez jus ao que está recebendo, não se lembrará de recriminar
ninguém, antes se conformará e procurará cuidar de preparar um futuro menos
atribulado.

Uma vez
sabendo isso, quem não terá coragem de prosseguir, enfrentando os obstáculos?
Se alguém vai com sede pelo caminho e sabe que mais adiante encontrará água
cristalina para se dessedentar, não se senta à espera de que a água venha ao
seu encontro, mais vai ao encontro dela, reanimado, até alcançá la.
Assim
também na vida espiritual todas as almas têm sede de saber, de conhecer a
Verdade, de encontrar a felicidade, e ao invés de interromper a marcha à espera
de que caiam do céu os objetos dos seus anseios, seguem a sua jornada,
valorosamente, na certeza de que indo pela senda da honra e do dever, sob a
tocha da espiritualidade, hão de encontrar o que aspiram, e regozijar se da sua
conquista.
O
caminho está assegurado para aqueles que desejarem seguí lo. Depende de cada um
querer livrar se de mentalidade entorpecida pelas seduções mundanas. A
verdadeira vida é espiritual, visto que todos são espíritos, embora encarnados,
enquanto que a matéria é ilusória, passageira, de duração relativamente efêmera
e de valor secundário. Saiba se diferençar a vida espiritual da material, e
tenha se por certo que o fiel cumprimento dos deveres terrenos repercute no
desenvolvimento espiritual.
O ser,
na sua formação espiritual, está fadado a usufruir de todas as satisfações e
alegrias da vida, num estado vibratório de tal modo superiorizado, que nenhuma
vibração inferior, como a de tristeza, de amargura, de sofrimento, de angústia,
de preocupação, de dúvida e de desespero o pode atingir, por falta absoluta de
sincronização.
Esse é
o estado que todos precisam alcançar, e só assim se pode compreender a vida no
seu aspecto eterno. Os seres, no mundo Terra, estão sendo polidos, limados,
brunidos, amoldados, plasmados, para tomarem a forma perfeita que lhes compete
e a que têm direito. Essas operações doem, sentindo se o indivíduo,
figurativamente, ralado, moído, cinzelado, comprimido, para que o fim possa ser
consumado.



Aqueles
que trazem a incumbência de missões mais destacadas, estudaram nas em seus
mundos, antes de encarnar, para contornar os riscos a que se iriam expor na
Terra, de modo que os que vêm errando não foram apanhados de surpresa no
torvelinho da vida, mas deixaram se vencer pelas tentações, afogando se,
conscientemente, no mar das seduções.
Não
fosse essa queda dos homens, acontecimento tão comum, com evidente mutilação
dos deveres, o mundo seria outro e a geração presente poderia prevalecer se dos
recursos espirituais para lograr uma vida de bem aventurança, de equilíbrio, de
confraternização e de felicidade.
Os Deveres
Por Luiz de Souza
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