Preconceito é o conceito formado sem
fundamento razoável. É o caso, para exemplificar, do preconceito racial.
Estabelece-se que esta ou aquela raça é inferior ou superior, e daí nasce uma
falsa superioridade ou um complexo de inferioridade.
A cor da pele não representa a cor do
espírito; esta vária, conforme os seus atributos reveladores do grau de
evolução, ao passo que aquela é uma condição da matéria, exclusivamente, e com
a matéria fica, na Terra, depois da desencarnação.
Não há espíritos de brancos ou de
negros, ou de amarelos, muito embora as raças correspondam a agrupamentos que
processam a sua evolução em conjunto, debaixo de certas circunstâncias
específicas, e que possuem uma natureza espiritual que é, aproximadamente,
comum a todos os seus membros.
É grave erro, porém, menosprezar esta
ou aquela raça, desdenhar do indivíduo que pertença a um grupo racial
injustificavelmente tachado de inferior. Para corrigi-lo, é comum o seu autor
vir, na próxima encarnação, a possuir um corpo racial idêntico àquele que
menosprezou. Terá, então, de sentir na própria carne, para abatimento do seu
orgulho, a humilhação com que pretendeu ferir ou feriu o seu semelhante.
Esse fato se dá, não por represália ou
castigo, mas pela necessidade de destruir-se no espírito aquele defeito
pernicioso – o orgulho que entrava a evolução. É o próprio desdenhador que, quando
em seu plano astral, deseja sujeitar-se a essa prova, consciente da sua
indispensabilidade e certo de que será o melhor meio de depurar-se da revelada
inferioridade.
Por isso, numerosos negros foram
brancos desdenhosos em encarnações anteriores, aí estão na sua faina depuradora
e voltarão a ser negros quantas vezes forem necessárias, até ficar reduzido a
zero o seu preconceito racial, velado ou ostensivo.
A evolução dos indivíduos processa-se,
regularmente, na esfera de cada uma das raças. A criatura, no ambiente da sua
própria raça, colhe as experiências que lhe estavam reservadas naquele meio.
Não se deve procurar fugir às determinações imperativas de cunho expressivo,
como sejam as de bem cumprir-se a tarefa no posto em que se tenha colocado.
Assim, cada qual, na sua raça, tem a sua tarefa específica.
Não há também razão para recriminar-se
alguém pelo fato de haver-se unido a outrem que não da mesma raça. Pode dar-se
o caso de serem, ambos, almas afins que se encontram e têm ligações remotas de
afetuosidade recíproca; podem ser criaturas integrantes do mesmo grupo
espiritual esporadicamente encarnadas em corpos de raças diferentes. Estes
terão de enfrentar a corrente desdenhosa do preconceito racial, enquanto ela
existir.
O normal é unirem-se as pessoas da
mesma raça, por isso que, antes de encarnar, escolheram aquela que melhor
deveria servir-lhes, incluindo-se, nesse plano, a constituição da família, sem
quebra da tradição racial.
As diferentes raças podem e devem
elevar-se por si, valorizando-se, cada vez mais, através do esforço próprio, da
dignidade pessoal e da capacidade, que é inata no indivíduo. Não há motivos para
que as raças branca, amarela ou preta não alcancem, cada qual, o seu apogeu,
uma vez que espiritualmente são compostas da mesmíssima essência espiritual,
que é a fonte única de emanação, da Força Criadora.
Acontece que as raças podem evoluir
umas mais rapidamente que outras, ou ainda, que umas são mais antigas do que
outras, na contagem dos milênios decorridos. Isso, no entanto, não dá direito a
ninguém de fazer pouco daqueles que se encontram na vida em condições menos
favoráveis, em consequência do seu estado de menor evolução.
Todos são partículas da Inteligência
Universal, pertencem à mesma família cósmica, marcham para o mesmo fim e são
detentoras das mesmas heranças espirituais.
Por isso, qualquer espírito, se isso
for necessário ou útil à sua evolução, pode reencarnar várias vezes em cada uma
das raças existentes no globo; esse fato não impede que alcance a evolução
máxima, da mesma maneira que outro, que não tenha feito tais incursões raciais.
A
falta de espiritualidade faz com que as criaturas, imersas no oceano do
materialismo, pensem que a alma nasce juntamente com o corpo humano ou físico,
e, portanto, a criança, ao vir ao mundo, se é preta, terá a alma preta, se
branca, a alma branca, e assim por diante, com respeito a cada raça.
Essa
é a concepção da maioria daqueles que nada sabem e nem querem saber sobre a
verdade a respeito das reencarnações.
É
evidente que se a alma não reencarna, mas nasce, com o embrião, no ventre
materno, então aquela “lógica inverossímil” que induz à crença de que a alma
tem a cor do corpo a que pertence, simboliza, com exatidão, a concepção
materialista reinante. É nessa imagem que se apoia o preconceito racial.
Quantos
são aqueles que, menosprezando um ser de raça tachada de inferior, estão
humilhando o espírito de quem, em outras vidas, poderia ter sido a sua mãe, a
sua irmã, filha, ou outro ser afim! O materialista e o religioso nunca pensam
nisso, porque esse fato verdadeiro não ocupa lugar em suas mentes, pois tanto
um como o outro se mantém completamente alheios ao que se passa na esfera dos
acontecimentos espirituais.
Não conhecer, na sua pureza, na sua sabedoria, na
sua maravilhosa idealização, a lei das reencarnações, é ter ante os olhos uma
venda que impede ver a luz solar.
Nos
países em que a religião exerce poder quase fanático, é também onde a ideia do
preconceito racial tem as suas raízes mais profundas. Ali, o preconceito racial
assume proporções escandalosas, que chegam a envergonhar.
Graves
consequências irão trazer para os seus autores, as atitudes injuriosas
emanantes do preconceito racial.
Outra
faceta do preconceito, é a de que as suas manifestações não se acham revestidas
de um princípio de lógica, e descambam, não raras vezes, para a superstição. Assim,
exemplificando, o receio do número 13 é um preconceito, uma superstição. Logo,
o preconceito também resvala pela mística, e leva a criatura a formar imagens
mentais fantasiosas.
O
preconceito decorre de um hábito de ver as coisas de um ponto que fornece
ângulo estreito de visão, com ausência plena do consenso espiritualista, o qual
se contrapõe a qualquer ilusão ou forma irrealista.
O
preconceito limita a liberdade, tolhe a criatura e exerce uma ação dominante
sobre o seu espírito. Todos precisam ser livres, espiritualmente, conhecer a
Verdade e viver sob a sua Luz.
Em
lugar da educação sexual necessária e racional que o ser humano deve impor a si
mesmo, procuram envolver os problemas do sexo, por simples preconceito, num
mistério vergonhoso e inabordável. É este um preconceito tão arraigado na alma
humana, que só com o tempo poderá ser extirpado. A ideia de inspirarem vergonha
os órgãos sexuais, nenhuma razão tem.
O preconceito está intimamente ligado
ao fato de não contar o indivíduo com lastro espiritualista, pois há uma série
de recursos que o eliminam, no campo da espiritualidade.
Cai o preconceito com a marcha do
indivíduo para cima, para planos mais altos da espiritualidade, em que a
fraternidade se expressa de maneira ampla e digna, compreensível e amorável, verdadeira
e leal. Para cada criatura, a morte do preconceito está marcada, porque a
evolução, certa e obrigatória, ninguém pode deixar de fazer, abandonando os
costumes perniciosos, para aceitar novas concepções de vida e de amor.
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O Preconceito
Por Luiz de Souza
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