A verdadeira vida é espiritual, visto que todos são espíritos, embora encarnados, enquanto que a matéria é ilusória, passageira, de duração relativamente efêmera e de valor secundário. — Luiz de Souza

Escolas Rurais - Por Eng. Civil Luiz de Souza

Uma das mais fecundas e promissoras iniciativas postas em prática pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro foi a de construir, no território fluminense, uma escola rural em cada um dos seus cinquenta municípios.

Com isto, nada menos do que umas oito mil crianças, das zonas rurais, de cada vez, vão aprender, em turmas que se sucedem, a par das letras e dos números, pratica e teoricamente, as normas elementares dos trabalhos agrícolas.

Como o nome indica, estão, essas escolas, sendo construídas no campo, em áreas que se aproximam de trinta mil metros quadrados, e assim, com largueza bastante, como seve, para que todos os alunos possam se dedicar ao cultivo da terra e tirar dessa aprendizagem os conhecimentos com os quais se tornaram agricultores.

O ensino é ministrado por técnicas da Secretaria da Agricultura e preparado com objetivo de desenvolver nessa força adolescente o gosto pela produção vegetal, de tão compensadores resultados.

O discípulo assim conduzido por quem bem conhece o mister, sente-se seguro do seu esforço e vê coroado, do mais franco sucesso, o resultado dos seus primeiros ensaios.

O ensino escolar, propriamente dito, é confiado a professoras que, antes de assumirem a direção da escola, fazem um curso especializado de agricultura, de modo a poderem cumprir o programa determinado para o ensino nessas escolas rurais.

Com este cuidado registra-se uma orientação que deve e pode garantir o êxito da iniciativa. Os alunos aprendem a aliar aos assuntos correlatos ao amanho da terra, o conhecimento das questões referentes ao clima, aos ventos, á qualidade da terra, ao combate às pragas, etc.

Ficam, deste modo, reduzidas ao mínimo as possibilidades de insucessos que produziriam desperdício de energias e valores e descoroçoamentos futuros originados por tentativas estéreis.

Os recursos dos pais dos meninos que irão frequentar essas escolas são parcos, de um modo geral, de sorte que toda a atenção convergirá para a solução do problema econômico, dentro de bases racionais, ajustadas ao caso, em especial.

É de se supor que, periodicamente, talvez de quatro em quatro anos, cerca de oito mil adolescentes devam estar preparados para se tornarem agricultores, de maior ou menor capacidade, de acordo com a vocação de cada um, e conforme a força de vontade e boa disposição que possuírem.

Até mesmo o elemento feminino tirará grande proveito desse curso, aprendendo com ose consegue manter uma pequena horta, ao lado da habitação, em complemento aos encargos domésticos. O nosso povo da roça faz pouco uso de verduras e legumes e por isso sofre fisicamente as consequências dessa falha, que ora se procurará corrigir, nesses núcleos de instrução.

Espera-se, também, sem demasiado otimismo, que, desses muitos pequenos agricultores, surjam depois vários grandes fazendeiros.

Ninguém pode antever com segurança, até onde se estenderão os benefícios quando esta notável iniciativa começar a produzir os seus frutos. Mas todos devem estar acordes em que ela poderá, por si só, restaurar a pujança fluminense, fazendo reviver o esplendor de outrora.

A nossa maior riqueza é, e terá de ser ainda por muito tempo, a agrícola. Por esta razão, todos os empreendimentos que forem lançados com o fim de promover o desenvolvimento dessa riqueza, merecem ser dignificados, e os seus autores tornar-se-ão credores da gratidão do povo que governam.

Escolas Rurais
Por Eng. Civil Luiz de Souza

Fonte: Pesquisa Livre na Internet